sábado, 3 de dezembro de 2011

Entrevista: Marco Antunes, vice-prefeito de Alagoinhas

O vice-prefeito de Alagoinhas, Marco Antunes Boiron Cardoso (PTN), concedeu entrevista a Ailton Borges no Programa Pauta Livre, transmitido pela Rádio Digital 96 FM, em 17 de novembro. Antunes revelou como foi assumir o cargo de prefeito interino entre os dias nove e 20 daquele mês, enquanto Paulo Cezar (PDT) esteve em viagem ao Peru. Alagoinhense, Antunes é advogado e possui extensa carreira política. Ele remonta à época da ditadura, quando venceu as eleições, mas foi impedido de assumir como prefeito.
Seguem os principais momentos da entrevista.

Assumir como prefeito, ao menos por uns dias, é um sonho realizado ou você acha natural?

Poucos dias, para muitos poderia parecer uma coisa efêmera, mas para mim tem um significado muito especial, dada aquela eleição de 1976, quando eu fui candidato a prefeito de Alagoinhas pelo antigo MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Eu estava com 25 anos, ganhei a eleição com os votos da maioria, e perdi na soma de três. Tive quase dois mil votos a mais que aquele que foi considerado eleito. E esse traumazinho fica, então é um resgate histórico. Mesmo por pouco tempo, mas é de muita importância eu saber que estou conduzindo o destino da minha terra.

Parece que você está navegando em águas calmas não é?

Todos os secretários se portaram comigo com todo o respeito e consideração, como se eu fosse o titular do cargo. Então eu a eles essa homenagem e esse agradecimento (...). Eu posso lhe afirmar que nem no feriado nós paramos. A secretária Sônia Fontes (infraestrutura) teve que se ausentar do município e falou comigo, encarregou Jucélio Carmo (governo) de observar a situação da cidade, especialmente num período chuvoso, que gera preocupação. Nós tivemos oportunidade de visitar algumas áreas de alagamento (...). Aquilo que foi possível resolver mais imediatamente, o secretário tomou as providências; o que não foi possível, foi devidamente analisado para futura intervenção. 

Houve combinação de assinar algum decreto que marque a sua interinidade?

Isso não foi combinado. A administração está transcorrendo dentro da sua normalidade, e estão surgindo oportunidades de assinatura de decreto e de encaminhamento de projeto de lei à Câmara de Vereadores. Inclusive um projeto de minha autoria. Dizem que toda cidade tem que ter alguma coisa da qual tenha orgulho. Alagoinhas já teve a laranja (...). O nosso orgulho hoje é a água, temos em nosso subsolo essa preciosidade. (...) as grandes indústrias estão chegando hoje em Alagoinhas por causa da qualidade e da quantidade da água. Pretendemos, com o projeto, ampliar a lei que protege os nossos mananciais, buscando preservar qualquer tipo de manancial. O projeto declara patrimônio público de interesse social todas as nascentes, rios, lagos, lagoas, fontes de Alagoinhas. Isso obriga os proprietários das áreas onde ficam esses mananciais a declarar isso, para que o município faça um mapeamento, e aqueles que zelarem por isso terão uma compensação em isenção de determinados impostos.

Quais são as maiores dificuldades da administração pública com relação a verbas para as pessoas mais carentes?

Os recursos nunca são suficientes para atender às dificuldades dos municípios. De 15 anos para cá, Alagoinhas cresceu de forma muito acelerada e os recursos não cresceram na mesma proporção das necessidades do município. (...) A união arrecada o grosso, depois repassa ao estado, que depois repassa aos municípios (...). Nós sabemos a realidade da saúde no município e eu tive a oportunidade de conversar nesse período de interinidade com o secretário Reginaldo Paiva e ele me relatou (...) o seu empenho em solucionar essa situação, e eu fiquei muito esperançoso de ver, no governo de Paulo César, um homem com tamanha disponibilidade e vontade.

Outro problema é a questão dos estragos feitos pela chuva, enfim, a infraestrutura.

Nós temos uma secretária competente, que tem se empenhado muito na solução desses problemas, e hoje nós temos o secretário Jucélio Carmo, que é um entusiasta, um homem que tem um amplo conhecimento dessa situação de Alagoinhas.

Você não acha que essa vontade de Jucélio não vai chocar com a secretária Sônia ou com o secretário de serviços públicos, Roberto?

Eu acho que ele vai complementar essa ânsia do Roberto e da Sônia, de minorar esse problema, de resolver essa dificuldade. 

Você é o vice-prefeito eleito e também trabalha na assembléia. Você recebe de onde? 

Eu acho que, na condição de vice-prefeito, eu estaria ganhando em torno de sete ou oito mil reais. Mas eu não recebo nada da prefeitura. Eu sou servidor de carreira da Assembléia Legislativa do estado, e fiz minha opção remuneratória pela Assembléia. 

Como você avalia a atuação do governo da Bahia hoje?

Eu acho o governador pessoalmente muito simpático (...), mas com relação ao governo, está deixando muito a desejar. Antes a insegurança era apenas nas grandes cidades, como Salvador ou Feira. Hoje você não tem paz em município nenhum do estado (...). A segurança na Bahia simplesmente inexiste. A infraestrutura, a mesma coisa. O pedágio é uma coisa vergonhosa. (...) E tem a questão do desenvolvimento econômico. A Bahia tomou de Pernambuco a liderança econômica do Nordeste, hoje Pernambuco retomou (esta posição).


Nenhum comentário:

Postar um comentário